segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Saudade?


Saudade do que poderia ter sido e não foi.

Não foi porque não tinha que ser. Quantas vezes eu já ouvi e repeti isso? Mas será que não era mesmo? Ou eu fiz não ser? Não sei. Só sei que o tempo não volta, e nesse caso específico, um dia tivémos outra oportunidade mas assim como as águas nunca voltam iguais, a oportunidade também não se mostrou a mesma.

Aí lembro de uma citação do filme “2046” onde o amor tem a ver com o tempo: não adianta encontrar a pessoa certa demasiado tarde ou cedo demais. Então concluo que não foi a oportunidade que já não era a mesma, era o tempo que já era outro.

Não estou com saudades não, nem arrependida. E confesso, faz tanto tempo que não sei nem contar os anos desde aquele dia.

É que hoje vim de carona. E ouvimos um único cd o percurso inteiro. O mesmo cd que num fim de semana qualquer do passado tocou sem parar. Músicas que meses depois, num pedido de “perdão”, ganhei num dvd e num cartão que ainda não tive coragem de jogar fora.

Nunca assisti esse DVD. Não queria nada que lembrasse aqueles dias.

Mas a lembrança não obedece a gente. Nem os outros sabem dos segredos que guardamos, ou melhor, enterramos dentro da gente.

Só sei que aquelas músicas tocaram hoje sem parar. Uma seguida da outra. E eu ainda sabia todas as letras.

E como um filme, pela janela eu via uma estrada vazia, chuva no parábrisa, árvores e uma mão na minha coxa.
 
Clarice Lispector in “A hora da estrela”














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