terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Afinidade...




Afinidade é um dos poucos sentimentos
que resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante,
mas o mais sutil, delicado
e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto
no exato ponto em que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro.
Mas, quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante
e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos
que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro
com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com,
Não é sentir contra,
Nem sentir para,
Nem sentir por,
Nem sentir pelo.
Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar:
apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes
e iguais esperanças.
É conversar no silêncio,
tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação
no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas
(tiradas) pela vida.


-Arthur da Távola


Um comentário:

  1. Olá, Bibi querida!!!
    Eu adorei esse poema que fala da afinidade!!!
    Eu também partilho do mesmo pensamento!
    Mil beijos...

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