quarta-feira, 1 de junho de 2011


Meu namorado imaginário tem mais ou menos a mesma idade que eu, não fuma, gosta de filosofia, não tem história mal-resolvida com ninguém, gosta de cinema, domingo em casa, passeio no parque, e é absolutamente encantado pela beleza das coisas pequenas. Sem motivos. A gente tem um cachorro, planos compartilhados de visitar o Oriente, plantar flores num jardim e passar férias longas em um país estrangeiro. Desses bem esquisitos. A gente se entende pelo olho, pele, saliva, coração. Nosso tesão começa é na alma. E explode, em cada parte do corpo, que agora já é um só. Meu namorado imaginário tem o sorriso mais bonito do planeta Terra! E quando sorri de cantinho, eu finjo que fico brava mas na verdade eu acho lindo. E ele me abraça de um jeito que me faz sentir mais perto de Deus. Ele me pega no colo! E a gente se encontra naquele intervalo entre as coisas que são ditas e as coisas que as palavras não alcançam, tudo ao mesmo tempo. Meu namorado imaginário, às vezes vai comprar pão quentinho de manhã bem cedo, mas às vezes fica na cama ronronando feito um gatinho, cheio de manha, até tarde, enquanto pede mais um dengo emburrado. E a gente se embola num aconchego gostoso de quem esqueceu que segunda é dia de trabalho, e as histórias de domingo estampam sorrisos mudos que nos escorrem pelos olhos. E a gente chora sem lágrimas. E se sente meio como numa história de cinema. Francês. Meu namorado imaginário apóia meus sonhos, mesmo que não concorde com eles. É um homem que admiro muito mais do que consigo expressar com palavras. Tem manias tão irritantes quanto lindas que nos rendem as mais inusitadas histórias. Como ter medo de barata ou não lavar a camisa em dia de jogo contra o Palmeiras. Tudo bem, ele entende meu medo de escuro. Ele me ensina a ser uma pessoa melhor. E me entende quando eu não consigo. Porque ninguém consegue às vezes. Nem ele. Com meu namorado imaginário cada dia é um mergulho. E eu não preciso ter medo, porque nosso desejo é enternecer nosso universo. De um jeito que a gente não entende, mas que vibra, e de repente faz tudo parecer que tem sentido. E a gente entende. E escrevemos um dicionário de palavras distraídas. Adentramos no corpo de um poema recente, ainda disforme, e falamos de amor usando a metáfora mais inocente. E então agradecemos profundamente por esta outra pessoa inteira, que jamais será uma metade e que, para a soma, com todas as alternativas que teve, preferiu seguir comigo. Talvez como numa metáfora de cinema, o mais importante seja mesmo a jornada e não a meta. Um dia a gente se encontrou e ele me reconheceu. Coisa linda de Deus!

- (Desconheço Autoria)

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