terça-feira, 10 de julho de 2012


"Há muitos tipos de corações. Há corações pequenos e tímidos, há corações grandes e abertos. Corações sombrios e desconfiados, com fechaduras secretas e portas falsas. Corações que parecem simples, mas quando se entra lá dentro, espera-nos o mais perverso dos labirintos. E há corações que são como jardins públicos, onde pessoas de todas as idades podem entrar e descansar. Há corações que são como casas antigas, cheios de mistérios e fantasmas, com jardins secretos e sótãos poeirentos, carregados de memórias e recordações. Há corações viajantes, temerários e corajosos, como barcos à vela que nos parecem bonitos ao longe, mas que nos deixam sempre na boca o sabor amargo de nunca os conseguirmos abarcar. Há corações que são como borboletas e voam de um lado para o outro sem parar, numa pressa ansiosa de viver tudo antes que a vida se acabe. Há corações rebeldes e selvagens que não suportam laços nem correntes, e depois há corações gnus, que sabem que vão ser caçados mas não fogem ao seu destino. Há corações que são como rosas, caprichosas e cheios de espinhos, sempre a chamar por afecto. Há corações que são como girassóis. Há corações que são como pianos. Há corações incondicionais que vivem tão maravilhados em descobrir a grandeza de outros corações que às vezes se esquecem de si próprios. Há corações teatrais, para quem a vida é uma comédia ou uma tragédia. Há corações duros como aço. Há corações de papel, bonitos e frágeis que se amachucam facilmente e desbotam à primeira lágrima. Há corações de vidro que quando se estilhaçam nunca mais se recompõem, e corações de porcelana, que depois de se partirem, ainda sabem colar os destroços e começar de novo. Há corações parasitas, que vivem do afecto dos outros sem nada dar, e corações dadores que só são felizes na entrega. Mas há ainda uma ou outra espécie de corações: os corações hospedeiros que sabem receber e fazem sentir os outros corações como se estivessem em casa, que dão e aceitam amor sem se fixarem, que tratam cada passageiro como se fosse o último, enquanto procuram o coração gêmeo, sempre na esperança, secreta e nunca perdida de um dia deixarem de viajar e sossegarem para a vida." 

- Desconhecido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário