"Havia uma moça que passava sempre defronte da minha casa. Eu a via, do outro lado da rua. Ela tinha um defeito na perna que a fazia mancar. O seu rosto tinha uma suavidade, uma beleza que me encantava. E eu ficava com vontade de atravessar a rua e dizer-lhe: “Eu acho você muito bonita!” E voltar correndo para dentro de casa. Nunca tive coragem. Tive medo de que ela me considerasse um velho desrespeitoso, dando-lhe uma cantada. E eu fico a me perguntar: Por que é tão difícil dizer aos outros o quanto gostamos deles?"
- Rubem Alves.
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